Nas redes sociais como Facebook ou Instagram é usual as pessoas recordarem momentos importantes usando a hashtag “TBT”, sigla inglesa para “ThrowBack Thursday”, que, numa tradução livre, significa “quinta-feira do retorno”, ou seja, essa hashtag só poderia ser usada numa quinta-feira. Como o Elo Comunitário pode ser lido em qualquer dia da semana, adaptamos a sigla para #TBD, “ThrowBack December”, que significa “dezembro do retorno”. Portanto, estimado leitor, vamos fazer um retorno ao ano de 2020 neste Elo de dezembro.
Tudo começou bem…
Vinte, vinte, o ano que começou ensolarado e refrescado com uma deliciosa chuva de verão, e que logo no seu sexto dia deu de presente uma belíssima Missa de Reis, animada pelo grupo que resgatou a tradição da Folia de Reis aqui na São Felipe.
Tudo caminhava bem na matriz paroquial e nas comunidades, sempre colocando nas intenções que Deus livrasse o mundo de um tal vírus oriundo da China e que, de acordo com os jornais, tinha chegado à Itália provocando muitas vítimas. Tudo tão distante de nós. Enquanto isso, celebrávamos com muito louvor o Rebanhão durante os quatro dias do carnaval.
As cinzas de um tempo sombrio
Eis que chegou a Quarta-feira de Cinzas, num dia em que os telejornais noticiaram o primeiro caso de um brasileiro infectado pelo tal vírus, aliás, um novo coronavírus que agora já se fazia conhecido pela doença que transmitia, a COVID-19. O infectado era morador aqui em São Paulo. Um caso apenas, mas já muito próximo de nós.
Como num piscar de olhos entramos no mês de março e os preparativos para a 2ª Festa de Santo Oscar e pro aniversário natalício do padre Joaquim já estavam a todo vapor. Mas algo de diferente começava a acontecer nas missas: uma troca de pequenos chutes ou uma cotovelada entre as pessoas. Apertos de mãos já eram vistos com desconfiança, pois em duas semanas o número de casos suspeitos havia crescido tanto que impeliu as pessoas de simplesmente se cumprimentarem. Inclusive, a oração do Pai Nosso já não mais poderia ser rezada de mãos dadas.
A pandemia chegou até nós…
Os casos do novo coronavírus e os casos de desinformação aumentavam em progressão geométrica. Por conta própria, as coordenações das comunidades da paróquia, em conversa com o padre Joaquim, resolveram diminuir as missas e celebrações. Uma notícia atrás da outra. Uma decisão mudada a cada hora. Até que, em 20 de março, da Cúria Diocesana veio o comunicado oficial com as medidas a serem adotadas pelas paróquias das sete cidades do ABC Paulista. Dom Pedro Carlos Cipollini anunciava, dentre outras coisas, a suspensão do preceito da Missa Dominical e o fechamento de todas as igrejas católicas da diocese. Um balde de água fria que fez os fiéis ainda incrédulos, como São Tomé, acreditarem que o novo vírus estava circulando desenfreadamente e que a pandemia era real.
Tudo parou como numa freada brusca. Festa de Santo Oscar e aniversário do padre Joaquim? Cancelados! Primeira Comunhão, casamentos e batizados? Cancelados! Reuniões de pastorais e grupos de oração? Cancelados! Nossa fé?… Bom, esta ainda resistia sem ser cancelada.
Isolados, distantes, temerosos…
Com a dispensa do preceito da Missa Dominical, fomos obrigados a nos acostumar pelas missas na TV e nas redes sociais. O resultado disso foi a maior audiência já alcançada numa transmissão de missa pela PASCOM São Felipe. Mais de 400 pessoas assistindo simultaneamente à missa do Domingo de Ramos, celebrada na matriz paroquial a portas fechadas. Tal audiência não se repetiu até o fechamento desta edição.
A partir daquele 5 de abril os paroquianos só se encontrariam virtualmente, nos comentários das transmissões ao vivo de missas.
A Passagem…
Passado o Domingo de Ramos, aguardávamos o momento mais sublime da nossa fé, a Páscoa. Mas não bastasse o isolamento causado pela pandemia, outra triste notícia abalou nossas estruturas emocionais, justamente na Semana Santa. Padre Joaquim tivera um AVC gravíssimo e se encontrava internado. Mais uma vez, todas as transmissões foram canceladas e os paroquianos se uniram para rezar pela pronta recuperação do nosso pároco.
A união faz a fé…
Sem o padre, mas sem deixar a peteca cair, um grupo de paroquianos de todas as comunidades se organizou para levar a fé e a esperança aos demais por meio das redes sociais. Orações da manhã, terços da Misericórdia e Mariano, novenas, Lives de Louvor. Do simples leigo com seu celular e seu rosário, até os músicos com seus equipamentos e técnicas, passando, inclusive, pelo diácono Francisco que, desde então, mantém seu programa às oito e trinta da manhã, a página do Facebook da Paróquia São Felipe se tornou uma espécie de webTV com uma programação diária de orações e louvores, para reunir os paroquianos em frente da tela e enfrentar o isolamento social.
Pastoreio temporário…
Passado o susto e com o padre Joaquim se recuperando na casa da Inácia em Ribeirão Pires, os padres Manoel e Cláudio, respectivamente das paróquias São Pedro e Imaculada Conceição, assumiram o pastoreio da nossa paróquia, cabendo a eles a celebração de missas, cuja participação era exclusivamente pelas redes socias. Um tempo de reorganização começava a se avizinhar na São Felipe.
A importância da PASCOM durante a pandemia…
Com a pandemia, paróquias do mundo todo precisaram se organizar para levar a palavra de Deus pela internet. Na São Felipe, o que já era bom ficou ainda maior. A PASCOM daqui começou a transmitir com os equipamentos adquiridos em 2019, com melhor qualidade de som e imagem. Além disso, no dia 3 de maio, durante a Festa do Padroeiro, foi estreado o canal da paróquia no YouTube, sendo mais um canal para os fiéis participarem dos eventos da paróquia sem precisarem sair de casa durante o isolamento social. Acesse youtube.com/paroquiasaofelipeapostolo e se inscreva no nosso canal!
Sob nova administração…
Padre Joaquim ainda precisava de cuidados e os padres Cláudio e Manoel precisavam se dedicar a seus rebanhos. Dada a situação, Dom Pedro nomeou como novo administrador paroquial o padre Jailson, recém-retornado da Colômbia. Coincidentemente, o padre já era conhecido dos jovens paroquianos que participaram da JMJ Cracóvia 2016, onde estiveram juntos.
Os bons filhos à casa tornam…
Depois de mais de quatro meses com as portas fechadas, finalmente a São Felipe reabriu algumas comunidades para o retorno dos fiéis às missas presenciais. Obviamente, não foi possível “escancarar” as portas, pois a pandemia não houvera acabado. Mas com as inscrições online, limitando o número de pessoas a participar de cada celebração, e tomando os devidos cuidados como a substituição de bancos por cadeiras, tapetes sanitários, aferição de temperatura, mini corporais individuais e muito, mas muito álcool em gel, a emoção tomou conta de quem pôde voltar a se encontrar com o Senhor. Um respiro de alegria pôde ser dado em meio a tanta tristeza.
Devagar e sempre…
A refrescante chuva de verão que iniciou o ano se transformou numa das piores tempestades já vista por toda a humanidade. Contudo, aos poucos essa tormenta está dando lugar aos raios de um sol que nos iluminará no chamado “novo normal”. E foi assim, com uma nova normalidade que as coisas voltaram a acontecer na paróquia, sempre tomando os devidos cuidados. Com exceção da festa de Santo Oscar, todas as outras festas dos padroeiros puderam se realizar. Procissões foram substituídas por carreatas. Grandiosas festas deram lugar à venda de bolos e panquecas. Tríduos que lotavam as capelas encheram as redes sociais durante as transmissões. Com um passo de cada vez, tudo vai se adequando dentro do possível, pois ainda vivemos numa pandemia.
Precisamos de você para manter as portas abertas…
Depois de tantos desafios, 2020 se encaminha para seu término com um novo combate: a aprovação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Para que a matriz paroquial não fosse fechada, após ser notificada pela Prefeitura de Mauá, a campanha SOS São Felipe foi criada com a finalidade de angariar fundos para as obras de adequação dos espações físicos e aprovação do Corpo de Bombeiros para a realização de eventos. Um gasto que se faz necessário para garantir a segurança de todos que participam de missas e festas na paróquia.
Inumeráveis e inesquecíveis…
Para concluir o TBD 2020, não podemos nos esquecer da dezena de paroquianos que foram vitimados pelo vírus que tirou o ano dos trilhos. Que Deus continue a confortar os familiares enlutados e que os entes que partiram desfrutem do esplendor da vida nova em Cristo. Sem citar os nomes para não correr o risco de deixar alguém de fora, dizemos apenas que essas pessoas, que são inumeráveis, serão sempre inesquecíveis!
#Partiu2021