No dia 12 de outubro de 2017, depois de um dia muito especial nas festividades do 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida na Comunidade Santo Oscar Romero, com mais de mil pessoas acompanhando a procissão comandada pelo padre Hamilton e a belíssima missa solene no final daquela tarde ensolarada, eu estava em casa, jantando e assistindo ao Festival da Padroeira pela TV Aparecida, com a apresentação de grandes artistas comandados pelo cantor Daniel, um show emocionante que me tocou e me inspirou.
Ainda naquela noite, eu saí para trabalhar num lugar que eu não gostava, num programa de TV que me roubava as madrugadas de sono, num ambiente opressivo e sem perspectiva de futuro. Naquele dia, mais do que nunca, eu botei na cabeça que queria trabalhar na TV Aparecida.
Foram anos de muita insistência, com algumas entrevistas malsucedidas e, enquanto eu não chegava lá, ia fazendo Uber para me virar nos 30.
Então chegamos em 2020, o pior anos da minha vida e talvez de toda a humanidade. Uma nuvem escura pairou sobre minha casa e eu perdi aquele que foi responsável pela criação, em mim, da devoção em Nossa Senhora Aparecida. Meses difíceis chegaram, mas não foram capazes de colocar a minha fé e de minha família à prova. Apesar disso, eu estava disposto a abrir mão do meu sonho profissional caso eu não fosse aprovado na última entrevista que fiz.
Aí é que as coisas começaram a mudar. No dia 17 de dezembro, dia do aniversário do meu pai, recebi a notícia que eu esperei por quatro longos anos: eu havia sido escolhido para ocupar uma vaga no Portal A12, da Rede Aparecida de Comunicação. Só podia ser por intercessão dele.
Eis que 2021 começou dando um “duplo twist carpado”, uma reviravolta. Estava eu de mudança para o interior de São Paulo, a caminho da realização profissional de um sonho. Dando ré para tirar o carro da garagem, vi minha irmã e minha mãe fechando o portão e por um lapso de instante passou pela minha cabeça abrir mão de tudo para continuar ali com elas, sendo o “homem da casa”. Mas eu não poderia fazer essa desfeita para meu pai, que intercedeu por mim, e para Nossa Senhora, que agora seria minha patroa! Além disso, minha irmã e minha mãe entenderiam e me apoiariam.
De janeiro a setembro vivi momentos radiantes e tudo que fiz, fiz com o maior amor que pude. Mas foi durante os doze primeiros dias de outubro que me vi realizado. Aquele fogo que eu tive no dia 12 de dezembro de 2017 lá na Santo Oscar, agora me consumia por inteiro. Nove dias de novena, nos quais eu gravei e editei muito conteúdo em vídeo, desde os bastidores da preparação do Santuário Nacional para a festa, até a recepção de milhares de romeiros vindos de todas as partes.
Mas foi no dia 12, no dia da Padroeira, que a emoção tomou conta. Cheguei mais cedo do que era minha escala somente para passar diante do nicho que guarda a imagem de Nossa Senhora, não como passei tantas vezes como funcionário ao longo do ano, mas como mais um no meio da centena de devotos que ali estavam, pedindo e agradecendo. No meu caso, apenas para agradecer. E foi como um filme passando pela minha cabeça, desde aquele Festival da Padroeira que assisti pela TV em 2017, até os últimos dias trabalhando na novena deste ano. Eu, que tenho um coração de gelo e não choro por nada nesse mundo, não contive a emoção e fui às lágrimas diante da minha patroa e minha mãe.
Pediram que eu escrevesse como é a festa da padroeira no Santuário de Aparecida, mas eu tomei a liberdade de mudar a Paula e deixar aqui, no Elo Comunitário, o meu testemunho de persistência e fé. Eu sempre ouvi das pessoas que tudo tem seu tempo e que Deus prepara as coisas pra gente, mas, cético que sou, nunca quis acreditar nessa teoria. Contudo, hoje, fazendo esse retrospecto, eu abaixo minha guarda de uma pessoa que questiona tudo para fazer coro às pessoas que me diziam que “tudo tem seu tempo”. Hoje eu sou capaz de perceber como Deus prepara tudo direitinho e que, na verdade, a gente é que não entende Seus planos para nossa vida.
O Natal ainda é mês que vem, mas já aproveito para desejar boas festas e todos e dizer que não desistam de seus sonhos. Tenham fé!