Se você está lendo este texto neste momento, no seu lar, no caminho do trabalho, na escola, onde quer que você esteja, acredite, você já é considerado um “sobrevivente de guerra”. Uso este termo hoje para fazer uma analogia a uma verdadeira guerra que estamos travando contra o novo coronavírus, ou Covid-19.
Este vírus, que se disseminou com tamanha velocidade e agressividade, expôs toda a nossa fragilidade humana diante do desconhecido, daquilo que não podemos controlar. Nós, seres humanos, considerados como a raça dominante neste mundo, ficamos fragilizados diante desta pandemia que, além das perdas pessoais, de entes queridos, perda econômicas, desemprego, fechamento do comércio, falência de empresas das mais diversas áreas pelo nosso país, certamente marcará nossa história pessoal e como humanidade para sempre. Esta geração que hoje está aí, nossos jovens e crianças, serão afetados pelo “novo normal”, fase na qual, talvez, nossos costumes e hábitos não poderão ser mais desenvolvidos da mesma forma que antes.
Diante de todo esse contexto de pandemia, no próximo dia 02 de novembro celebraremos o dia de finados, ou dia dos fiéis defuntos. Este ano será sem dúvida um ano de muito reflexão e saudades, principalmente daqueles que se foram de forma tão repentina, vítimas deste vírus. Assim, o dia de finados de 2020 será uma oportunidade de aprofundarmos nossa reflexão sobre a morte e ressurreição, na qual está fundamentada toda nossa esperança em Cristo Jesus.
Para nós, católicos, não se trata de um feriado qualquer, mas de uma data propícia para rezarmos por nossos entes queridos. Desde os primeiros anos da Igreja primitiva, os cristãos já visitavam os túmulos dos mártires para rezar por eles e por todos aqueles que um dia fizeram parte da comunidade de fé. Há indícios de que a prática de se rezar pelos falecidos é uma tradição tão antiga na Igreja, que poderia ter sido ensinada pelos apóstolos. No século XIII, o dia dos fiéis defuntos passou a ser celebrado em 2 de novembro, já que no dia 1º de novembro era comemorada a solenidade de Todos os Santos.
Reforçamos neste dia a fé na doutrina do purgatório, definida no segundo Concílio de Lion em 1274. O dia de finados serve para rezarmos preferencialmente pelas almas do purgatório, as quais precisam de purificação para adentrarem no Paraíso.
“O purgatório nos transforma na figura sem mancha, ou seja, no verdadeiro recipiente da eterna alegria. No purgatório a alegria do encontro com Deus que acontecerá, supera a dor e o sofrimento. Só não acredita no purgatório quem duvida da misericórdia de Deus. O verdadeiro significado do dia de finados só pode ser encontrado no amor de Deus”.
Portanto, neste dia rezamos e homenageamos nossos entres queridos vítimas desta pandemia, que tanto impactou, e ainda tem impactado, nossas vidas.
Rezamos por nossos parentes, amigos, amigos de amigos, conhecidos distantes, todos que foram chamados para a glória de Deus nesta pandemia. Com grande sentimento de perda, de saudades, unimos os nossos corações, trazendo estas pessoas em nossas orações, e reforçamos aqui nossa esperança na ressurreição onde um dia também nós estaremos contemplando a glória de Deus.
Especialmente rezamos hoje pelas almas das 377 vítimas em nossa cidade de Mauá (dados atualizados até 23 de outubro). Rezamos pelo fim desta pandemia. Que Deus nos ajude e fortaleça.
Que Deus acolha no céu todas estas almas em sua infinita misericórdia. Jesus fonte de toda graça e misericórdia, nós confiamos em Vós.
Fonte de dados sobre Óbitos: https://www.seade.gov.br/coronavirus (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos