Estávamos no início do ano de 2020, cheios de expectativas de um ano melhor do que fora 2019, que já havia sido um ano difícil no aspecto econômico do nosso país. Inesperadamente o cenário mundial mudou radicalmente com a pandemia. Muitos de nós acreditamos que a pandemia seria um transtorno por quinze ou vinte dias, quem sabe, um ou dois meses. Mas poucos de nós esperávamos mais de um ano em isolamento social.
Com a paralisação dos encontros presenciais de catequese, nos deparamos com um mar de incertezas e desafios sobre qual seria o destino da catequese nas igrejas do Brasil e no mundo, uma vez que todas as escolas e instituições de ensino estavam seguindo pelo mesmo caminho, paralisando totalmente suas atividades. Como ficaria a educação cristã de milhares de jovens e adultos diante deste cenário? O que fazer para garantir que a chama da fé e da perseverança não se apagasse com o período de isolamento social? Como fazer para realizar o mesmo encontro catequético presencialmente através de uma plataforma digital? E os cursos agendados e os retiros com catequistas, o que fazer? Tudo cancelado, um verdadeiro caos.
Muitos catequistas sem um bom computador. O celular também não tinha boa internet. Crianças, jovens e adultos na mesma situação, sem acesso digital ou equipamento de qualidade para poder acompanhar os encontros. Contudo, sabendo que a catequese não é simplesmente a transmissão de lições e doutrinas, o desafio era demonstrar fé e esperança, acolhendo os catequizandos com o verdadeiro espírito cristão, que tem em Deus uma confiança que não se abala, mesmo que sejam muitas as dificuldades. Reinventar o encontro catequético de maneira criativa foi a solução. Enviar vídeos, enviar músicas, sugerir filmes, utilizar a TV católica para a catequese onde foi possível, vídeos com temas importantes exibindo ao catequizando para fazer um debate posterior numa plataforma digital com o catequista. Chegamos a lugares que nunca imaginávamos. Essa modalidade veio para ficar.
De acordo com Carminha, Coordenadora Regional da Pastoral da Catequese e de nossa paróquia São Felipe, tanto na nossa paróquia quanto a nível regional, nas demais paróquias, o desafio maior está sendo mesmo no acesso à internet e disponibilidade de equipamentos, tanto computadores quanto celulares. Isso torna os trabalhos mais desafiadores, uma vez que poucos conseguem comparecer aos encontros virtuais. E Carminha continua: “sabemos que a catequese eficaz é aquela em que você está junto com a pessoa, conversando, interagindo, rindo, chorando, ouvindo o outro, mas temos a ciência de que o mais importante é mostrar aos catequizandos que a experiência com Jesus sim é a grande meta, e que uma vez vivenciada esta experiência, nunca mais nos afastamos Dele”.
De acordo também com Diana, catequista da Com. NS de Fátima, os impactos com a chegada da pandemia foram muito grandes nas famílias e trouxeram muita preocupação. Assistindo as missas online, surgiu a ideia da catequese online. Foi trabalhado inicialmente com a liturgia diária. Na semana santa foi grande a participação dos pais, e isso trouxe um novo ânimo aos catequistas e catequizandos. “O que parecia distante, como as missas online, sem grande interesse dos jovens no início, foi o que alimentou verdadeiramente a fé de todos”, complementa Diana. Outro ponto importante citado por Diana foram as últimas mudanças dos nossos sacerdotes, que em sua opinião, deixou muitos jovens da paróquia sem uma referência de pai espiritual, uma vez que essa relação leva tempo para ser construída.
Esta é a verdadeira missão da pastoral da catequese em tempos de pandemia, a de levarmos Jesus aos catequizandos, por meio das variadas novas tecnologias, sem perder o ardor missionário que nos move em direção ao Cristo.
Que tudo isso passe em breve e que a gente possa reviver nossos encontros com muita fé e perseverança.
