Nós não podemos cair na tentação de achar que vocação é somente para aqueles que pensam em ser padres, freiras ou buscam o matrimônio, mas sim tudo aquilo que corresponde a vontade do Senhor, ou melhor, aquele caminho que o Senhor quer que nós sigamos para a nossa santificação. A vontade do Senhor é que nós sejamos santos, pois “a exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: sede santos, porque eu sou santo (Lv 11, 44)” 1 Pd. 1, 15-16. Deste modo, a primeira vocação é um chamado a santidade e para que nós alcancemos isso o Senhor nos concede vocações específicas. Esse primeiro chamado recebemos no nosso batismo e junto dele está implícito o seguimento a Cristo numa vida comprometida com Ele.
Ao respondermos com o sim, é preciso alimentar essa vocação que é um chamado de Deus, ou seja, é dEle e não nossa, é a sua vontade em nós, isto é, na primeira pessoa do singular: EU. Com uma resposta positiva a esse chamado, estamos nos comprometendo em cuidar daquilo que Ele concedeu e por isso nos é comunicado que não podemos enterrar os talentos, é preciso colocá-los em prática e assim produzir muitos frutos para o Reino dos Céus. Ao pensarmos no caminho a ser percorrido, podemos deparar com inúmeros obstáculos, mas eles não devem nos assustar já que o Senhor nos alertou quando disse que no mundo teremos de ter muitas tribulações e estará conosco até o fim dos tempos.
Agora, como entender qual é a vontade do Senhor? Ser padre? Freira? Casar-se? Ser solteiro e consagrado ao Senhor? Trabalhos pastorais? Ou missionários? Acertar ou errar? A pergunta sobre qual é a nossa vocação implica numa decisão de vida e que não pode ser respondida levianamente, é preciso de muita dedicação e atenção as moções do Espírito Santo em nossas vidas. Tudo isso começa com a intimidade com o Senhor, pois não está desprendida dEle, vem dEle, é por Ele, para Ele, em função dos irmãos. Quando nos encontramos íntimos com Ele através da oração, da escuta e meditação de sua palavra, do serviço aos irmãos e sobretudo do amor por Ele, o Senhor nos direciona para o caminho que Ele sabe que é o melhor para nós.
Vale a pena refletir a vida dos santos. Tantos homens e mulheres que se dedicaram ao Senhor naquilo que Ele chamou. Uns foram padres, outras feiras, outros ainda casados, mas todos se dedicaram ao Reino e santificaram-se e hoje estão na glória do paraíso intercedendo por nós. A vocação respondida permite promover o encontro das pessoas com o amor de Deus e cresce em nós a certeza de ser amado por Ele. Para caminhar na vocação é necessário ter humildade e coragem, ou seja, para que reconheçamos a necessidade de crescer e a força de não desistir mesmo diante os desafios e perseguições que aparecerem, deste modo, não caímos no perigo da acomodação. Por fim, a vocação é um ato de disposição e desprendimento por amor a Deus, consegue deixar os seus projetos pessoais por um projeto maior que conduz para a Jerusalém celeste. Como Santo Afonso Maria de Ligório disse: se estivermos unidos à vontade divina em todas as tribulações, é certo, vamos nos tornar santos e seremos os mais felizes do mundo.