Millena Souza, 28 anos, Católica Apostólica Romana, cheia de fé, curada de Leucemia há 3 anos, graças a doação de medula óssea
O transplante de medula óssea pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias. Uma delas, considerada mais conhecida popularmente, é a leucemia.
O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue. Consiste na substituição da medula óssea doente pela do doador, além de células normais, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável.
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente como “tutano”. Ela desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das células sanguíneas, pois é lá que são produzidos os glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e as plaquetas. Elas são os agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo, nos defendendo das infecções, transportando o oxigênio dos pulmões paras as células de todo nosso organismo, e o gás carbônico destas para os pulmões, a fim de ser expirado. Já as plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.
Assim sendo, quando temos nossa medula óssea doente, afetamos todo o sistema de defesa do nosso organismo, o transporte do oxigênio e do gás carbônico e a coagulação do sangue, acarretando uma deficiência em nossa imunidade e abrindo uma “porta” para diversas doenças.
Para se tornar um doador é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade, gozar de boa saúde, não ter doença infecciosa, não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico. Para se cadastrar, o candidato a doador deverá procurar o hemocentro mais próximo de sua casa para esclarecer dúvidas a respeito da doação. Em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para a tipagem de HLA (exame de histocompatibilidade que identifica as características genéticas de cada indivíduo), que será analisada. Depois disso, é iniciado o cruzamento de dados com os pacientes para a busca de compatibilidade entre doador x paciente. Os dados do doador são inseridos no cadastro do REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. Para seguir com o processo de doação serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde. Somente após todas estas etapas concluídas o doador está apto para realização da doação.
O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas. A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções que levam em torno de 90 minutos. A quantidade de medula óssea retirada do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Existe uma imagem popular criada sobre dores e sofrimento, mas a verdade é que cm a evolução a cada dia tornam o procedimento menos invasivo ao doador, além do uso dos medicamentos adequadamente se tornarem um dos principais e importantes passos para se ter um pós agradável. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.
Há outro método de doação chamado coleta por aférese. Neste caso, o dador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante) circulantes no sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que cole o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia. A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos assistentes, tanto do paciente quanto do doador, e será avaliada em cada caso e necessidade.
Após a doação, chega o momento de o paciente receber essa medula, iniciando-se depois de se submeter a um tratamento que destrói a própria medula, o paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras, que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, higiene pessoal e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente precisa ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre são quase uma regra no paciente transplantados. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário, por vezes, o comparecimento diário ao hospital.
Em geral, se o corpo do paciente não rejeita a medula recebida e a absorve, depois do período de um ano após o transplante ele poderá voltar às suas atividades normais. A recuperação é um processo lento, mas progressivo. Para isso, ele deve manter um programa de boa alimentação, descanso e exercícios leves.
O REDOME alcançou 5 milhões de cadastros de possíveis doadores. Antes de 2003, a possibilidade de se encontrar um doador no registro para paciente brasileiro era inferior a 15%. Hoje, há mais de 80% de chance de se encontrar um doador compatível em fase inicial de busca e, ao final do processo, 64% dos pacientes terão um doador compatível para a realização do transplante. No último ano, foram realizados 299 transplantes no Brasil com doador não aparentado. Porém, ainda assim, é importante a cada dia o aumento de cadastro de possíveis doadores, porque como citado são “possíveis”, que só doarão se forem compatíveis (a maior dificuldade) e passarem nos exames antes de realizarem a doação, onde muitos não estão com a saúde apta para realizar. O número de 299 transplantes é uma vitória, mas ainda é um número baixo, posto que hoje existe uma lista de espera de 850 pacientes em busca de um doador. Não há nenhum compatível nesses 5 milhões.
Dentro da nossa comunidade existem diversos casos que nem imaginamos estarem vivendo isso. Não vamos buscara informação e realizar a campanha apenas quando forem um dos nossos, vamos fazer a diferença hoje, disponibilizando nossa saúde para sermos usados por Deus para ajudar nos tratamentos dos enfermos e na alegria de suas famílias em terem mais uma chance.