Todas as quintas-feiras depois da oitava de Pentecostes, a Igreja celebra a festa de Corpus Christi, mas nem sempre foi assim. Não existem registros do culto ao Santíssimo Sacramento fora da missa no primeiro milênio. Neste período, a Eucaristia ministrada fora da missa era apenas para os doentes.
A partir do segundo milênio começa-se a notar alguns costumes eucarísticos, como a exposição e a Bênção do Santíssimo, o uso dos sinos durante sua elevação na missa, e também a festa de Corpus Christi. O centro onde essas movimentações surgiram foi a Abadia de Cornillon, em Liége, na Bélgica.
Foi lá que Santa Juliana de Cornillon teve uma revelação particular, em que recebeu de Jesus o pedido para que fosse introduzida no Calendário Litúrgico da Igreja a festa de Corpus Domini. Durante anos, Juliana conservou em segredo essa revelação, até confiá-lo a duas adoradoras fervorosas da Eucaristia: Eva e Isabel. Depois, comunicou também a Dom Roberto de Thorete (bispo de Liége), Jacques Pantaleón (mais tarde Papa Urbano IV) e João de Lausanne, pedindo que ele interpelasse teólogos sobre o tema.
Foi Dom Thorete que, após hesitações iniciais, aceitou instituir a solenidade em sua diocese. Mais tarde outros bispos o imitaram até se tornar uma tradição em toda a Bélgica.
Milagre de Bolsena
Em 1264, após a morte do Papa Alexandre IV, o cardeal Jacques Pantaleón foi eleito o novo Papa, Urbano IV. Neste mesmo ano aconteceu o Milagre de Bolsena.
Durante uma viagem de Praga (atual capital da República Tcheca) a Roma, um sacerdote que duvidava de que o pão se tornava de fato o Corpo de Cristo, ao celebrar uma missa na cidade de Bolsena, Itália, viu escorrer sangue da Hóstia Consagrada, banhando o corporal, os linhos litúrgicos e também a pedra do altar.
Impressionado com o que viu, o sacerdote correu até a cidade de Orvieto, onde residia o Papa. Este mandou a Bolsena o Bispo Giacomo, para ter certeza do ocorrido e levar até ele os panos ensanguentados. A relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264.
Movido pelo fato e pelas visões de Santa Juliana, o Papa estendeu a festa de Corpus Christi para toda a Igreja, em 11/08/1264. Sua morte, dois meses depois, prejudicou a difusão da festa. Mais tarde, em 1311, o Papa Clemente V voltaria a determinar a adoção da festa.