A Páscoa é o centro de nossa fé católica. Comemoramos o nascimento de Jesus, porém, sem a Páscoa, nossa fé não faria sentido. É a nossa maior e mais importante festa. Mas, o que seria a Páscoa? A palavra, Pessach, tem origem hebraica e significa passagem. Tem sua origem nas tradições judaicas, representando a libertação do povo hebreu da escravidão o Egito, liderados por Moisés. Se iniciou após a execução da décima praga, na qual o anjo da morte desceu ao Egito, tirando a vida dos primogênitos da terra. O anjo só não passou pelas casas daqueles que haviam seguido as ordens de Deus, passando o sangue do cordeiro dos umbrais das portas dos Hebreus. Após isso, o povo escolhido foi libertos da escravidão e marcharam para a retomada de Canaã, a Terra Prometida.
Para nós cristãos católicos, a Páscoa representa a vitória da Vida sobre a morte na Ressurreição de Jesus. Imaginem chegar ao fim da vida, depois de ter lutado tanto: estudos, trabalho, família e descobrir que nada valeu a pena? Pois é isso que aconteceria se não tivéssemos a esperança e a certeza da ressurreição de Jesus Cristo. Mas a Páscoa não compreende simplesmente um domingo. Ela tem um significado maior.
Iniciamos a preparação para a Páscoa na Quarta-Feira de Cinzas, com o início da Quaresma, que é um tempo de recolhimento e reflexão a nós cristãos. É um tempo de preparação para celebrar nossa festa mais sublime, compreendendo o que significa a Ressurreição de Jesus Cristo para nossa fé e vidas. A Quaresma é referência aos quarenta dias que Jesus passou no deserto, antes de iniciar a sua missão pública (cf. Mt 4,1-11).
Assim, somos chamados a olhar para o nosso próprio deserto, nesta travessia íntima de nossa frágil fé para chegarmos fortes à celebração da Páscoa. Somos convidados à oração pessoal, a falar direto ao coração de Deus. Somos convidados a ajudar o irmão, despojando-se de alguma coisa nossa para o benefício do outro. É um tempo propício para fazermos penitência, que é uma reorientação radical de nossas vidas, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, tendo uma ruptura com o pecado e que implica o desejo e o propósito de mudar de vida.
Com o início da Semana Santa, que começa com a festa de Domingo de Ramos. Nesse domingo celebramos a entrada triunfante de Jesus Cristo em Jerusalém, montado em um jumentinho, e aclamado pelo povo, com ramos de oliveiras e palmeiras, entoando as seguintes palavras: “Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor!” (cf. Mt 21,9). Imaginavam que Jesus era um Messias político, porém Ele é um grande libertador do pecado, da raiz de todos os males. Por isso que ele entra em Jerusalém, montado em um jumentinho, como símbolo de humildade e da pequenez humana.
A procissão de Ramos nos faz refletir que somos peregrinos nesse mundo, estamos aqui por uma passagem breve, para que sigamos a nossa verdadeira terra, que é o Reino de Deus que Jesus Cristo veio nos anunciar.
Essa entrada jubilosa de Jesus foi um prelúdio de suas dores, humilhações e sofrimentos que passou no decorrer da semana. Ele conhecia o coração dos homens e não estava iludido com o que aconteceu. Mesmo assim continuou nos ensinando que Ele veio para o mundo para derrotar o pior de nossos inimigos. Não reis e governadores e sim, o pecado.
Após celebrarmos o domingo de Ramos, iniciamos a celebração do Tríduo Pascal. São três dias que celebramos o centro da nossa fé cristã católica: a Paixão, a Morte e a Ressureição de Cristo. É uma celebração que se inicia com a quinta-feira da Santa Ceia do Senhor e se encerra no Sábado da Vigília Pascal. É um tempo ideal para olharmos para nossas vidas e a de Jesus e nos deixar transformar pelo seu amor.
Na quinta-feira temos o rito do lava-pés e a instituição da Eucaristia. Com o lava-pés, Jesus nos ensina mais uma vez a humildade e o serviço são as expressões mais concretas do verdadeiro amor: Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado! Dessa forma, é instituído a Ordem Sacerdotal. Nessa data, na Santa Ceia, Jesus consagrou o pão e o vinho e pronunciou: “Tomai todos e comei…” e “Tomai todos e bebei…” concluindo com “Fazei isto em memória de mim…”, instituindo assim a Eucaristia, que é a perfeita expressão da unidade de nossa Igreja Católica Apostólica Romana. É na Eucaristia que encontramos o sentido de nossa fé e vida. Ela é o coração de nossa igreja: Vivemos de Eucaristia.
Na Sexta-feira Santa, temos um dia de jejum e abstinência. Celebramos a Paixão e Morte de Jesus Cristo. Não devemos ter luto, mas um grande respeito e meditação diante da morte de Nosso Senhor, que saiu vitorioso e nos trouxe a salvação, a vida eterna. Todo o sofrimento que Jesus passou deve nos levar a amá-lo profundamente, que se esvaziou para nos salvar.
Concluímos o Tríduo Pascal com o Sábado Santo da Vigília Pascal. Esta celebração é imensamente rica em sinais, símbolos e gestos. Temos a bênção do fogo, o Ciro Pascal e bênção das águas do Batismo. Essa vigília transforma a noite mais clara que o dia, indo de encontro com a Ressurreição de Nosso Senhor e crendo na vitória da vida sobre a morte.
Por fim, nosso Tempo Pascal se estende por 50 dias, à partir do domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes, em que vivemos e celebramos com grande alegria e júbilo, como se fosse uma grande festa, um único domingo. Celebrar a Páscoa é celebrar a obra da redenção humana e da glorificação que Jesus Cristo realizou quando morreu e, ressuscitando, destruiu a morte e renovou a nossa vida.
Concluímos dessa forma que a ressurreição de Jesus não foi um simples ato de voltar a vida. Cristo voltou sim, com o seu corpo transformado e glorificado, por isso independia do tempo e espaço. A Páscoa e a Ressurreição de Cristo nos trazem muitas respostas. O caminho percorrido por Jesus é exemplo para o nosso caminhar, seja em momentos bons e outros ruins. As dores nos ronda muitas vezes e acabamos caindo, tendo grandes dificuldades para nos reerguer. Neste momento, Devemos olhar para Jesus e seguir o seu exemplo. Ele não sucumbiu as dores, encontrou forças para erguer-se e reerguer-se, por diversas e diversas vezes. Do mesmo modo, nós também podemos fazer isso. Temos que fazer a nossa passagem, a nossa Páscoa, tendo uma nova vida, passando do mal para o bem, do sofrimento para a alegria, sendo uma nova pessoa. Deus sempre irá nos proteger. Somente em Deus e vivendo a Páscoa, na Eucaristia, podemos vencer as adversidades que a vida nos impõe.
Que tenhamos todos uma Santa e Abençoada Páscoa!