Ó Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.
Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pensa no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua, para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.
Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo crucificado deu-nos por Mãe, no ditoso número de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas as minhas necessidades, espirituais e temporais, sobretudo na hora de minha morte.
Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda a eternidade. Assim seja!
A história da devoção a Nossa Senhora Aparecida iniciou-se na segunda quinzena de outubro de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida e Portugal, governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, chegaria à Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá. Convocados pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba do Sul para o banquete que seria oferecido ao ilustre visitante e sua comitiva.
Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem.
Após o achado da imagem, não tendo, até então, encontrado nenhum peixe, dali em diante, pescaram tantos peixes que, com medo de naufragarem pela quantidade de peixes que carregaram, os pescadores retornaram, admirados desse sucesso.
Além do milagre da pesca, Nossa Senhora Aparecida realizou outros milagres. No milagre das velas, ocorrido no oratório de Itaguaçu, os fiéis se reuniam para rezar e acender velas. Em dado momento, duas velas que ficavam ao lado da imagem da santa se apagaram. A fiel Silvana da Rocha se aproximou para reacendê-las, mas as chamas se acenderam por conta própria.
No milagre da cura da menina cega, uma garota, nascida cega em Jaboticabal/SP, tinha o desejo de ir até a igreja de Aparecida, para tocar na imagem da santa. Com muito esforço, a família conseguiu viabilizar a viagem, e ao chegar nas escadarias da igreja, a menina voltou a enxergar, afirmando: “Como é linda esta igreja!”
Por volta de 1850, aconteceu o milagre da libertação do escravo. Zacarias era um escravo fugitivo que havia sido capturado e acorrentado. Ao passar pela igreja, ela pediu permissão para rezar, e enquanto rezava, as correntes se soltaram de suas mãos e ele enfim ficou livre.
No milagre do cavaleiro incrédulo, um cavaleiro viajava de Cuiabá para Minas Gerais, e passou pela igreja de Aparecida. Ao ver os romeiros, começou a zombar da fé alheia e decidiu entrar na igreja a cavalo. Quando se aproximou, no entanto, a pata do animal se prendeu na escada, derrubando o homem, que a partir de então se converteu.
Há ainda outros dois milagres, pouco menos falados, mas também conhecidos, que falam sobre o resgate de uma criança que caiu no Rio Paraíba do Sul e estava sendo arrastado pela correnteza. Ao rezar para a santa, a correnteza parou e o pai conseguiu salvar o menino; e ainda da proteção a um caçador, que sem munição, foi encurralado por uma onça. Ao rezar para a santa, o animal foi embora sem lhe fazer mal.
No aconchego de um lar humilde, sobre um altar de paus, foi colocada a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que depois viria a ser conhecida com o acréscimo “Aparecida”, dada a maneira como apareceu. Era a casa de Filipe Pedroso, o mais velho dos pescadores, que conservou a imagem em sua casa por 15 anos. Seu filho, Atanásio, construiu um pequeno oratório, onde as famílias vizinhas se reuniam para rezar o terço e outras orações. Foi o início de uma devoção que depois se tornaria o maior movimento religioso do país.
Mais tarde, diante da crescente afluência do povo, a imagem foi transferida para uma capela primitiva, construída no Porto Iguaçu, marcando o local onde ela foi encontrada. Depois de peregrinar por diversas casas, em 1745 foi levada para uma capela maior. O culto já recebe a aprovação oficial da Igreja.
O Padre José Alves Villela, vigário da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, decidiu construir essa nova igreja no alto do Morro dos Coqueiros. Iniciado em 1741, foi construída pelos escravos, com barro socado (taipa de pilão). No dia 25 de julho de 1745, o povo realizou uma grande procissão para levar a imagem da Senhora Aparecida para a nova igreja. No dia seguinte, o Padre Villela abençoava e inaugurava a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Com essa inauguração, nasciam o santuário e as bases do povoado de Aparecida. Em 1760, a capela foi reformada e recebeu a segunda torre.
Como era crescente o número de fiéis que visitava o local, Frei Joaquim do Monte Carmelo resolveu dar a Nossa Senhora uma igreja maior. Com as obras iniciadas em 1844, ampliou a capela, deu-lhe altares artísticos, mudou o estilo colonial para o barroco, com alguns elementos do neoclássico. Em 24 de junho de 1888, a nova igreja era solenemente entregue aos seus devotos. Em 1893, recebeu o título de Santuário Episcopal.
Em 1908, Dom Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo, pediu à Santa Sé o título de Basílica Menor para o Santuário de Aparecida, a igreja que fica na parte alta e mais antiga da cidade, conhecida como basílica velha. Essa dignidade foi concedida pelo papa São Pio X, em 29 de abril de 1908.
Finalmente, em 1928, a vila que se formou ao redor da capela foi emancipada de Guaratinguetá, tornando-se uma nova cidade: Aparecida.
Na década de 1970, a maioria dos países sul-americanos vivia duras experiências de ditaduras militares. Também para El Salvador era um período de grandes conflitos, no qual o país esteve envolto em forte repressão por parte da ditadura que governava o país desde os anos 1930, chegando inclusive a declarar guerra contra Honduras, país vizinho, em 1969.
Em 1977, Dom Romero foi nomeado arcebispo de San Salvador, chegando à capital com fama de conservador. No fundo era um homem do povo, simples, de profunda sensibilidade para com os sofrimentos da maioria, de firme perspicácia aliada à coragem de decisão.
Aparecida tornou-se a “capital mariana do Brasil”. A primeira basílica ficou pequena, por isso era necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros.
O lançamento da pedra fundamental da nova basílica deu-se no dia 10 de setembro de 1946, mas o início efetivo da construção ocorreu em 11 de novembro de 1955. Com projeto do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, a basílica tem a forma de uma cruz grega, com capacidade para abrigar 45 mil peregrinos.
Em 4 de julho de 1980, na primeira visita ao Brasil, o papa São João Paulo II celebrou a cerimônia de consagração da nova igreja, embora inacabada, que recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a CNBB declarou-a oficialmente Santuário Nacional.
As atividades religiosas no Santuário, em definitivo, passaram a ser realizadas a partir de 3 de outubro de 1982, quando aconteceu a transladação da imagem da antiga basílica para a nova.
O Santuário Nacional é considerado o centro da fé católica no Brasil, recebendo anualmente milhões de fiéis peregrinos, de distintos lugares e etnias, em uma bela manifestação de nossas raízes culturais, de nossa “unidade na pluralidade” mantida e fortalecida pela fé.
É o maior centro de peregrinação religiosa da América Latina, o maior santuário mariano do mundo, imenso em sua pujante e bela arquitetura, que reflete a grandiosidade do amor e devoção dos brasileiros por sua Rainha e Padroeira.
A imagem de Nossa Senhora encontrada era pequenina, de terracota, isto é, argila que, depois de modelada, é cozida em forno apropriado, medindo 39 centímetros de altura, incluindo o pedestal. Quando foi pescada, estava, muito provavelmente, sem as cores originais devido aos anos em que esteve mergulhada nas águas e no lodo do rio. Seu estilo é seiscentista, como atestam alguns especialistas. Ainda conforme estudos dos peritos, a imagem foi moldada com argila paulista da região de Santana do Parnaíba, situada na Grande São Paulo.
A cor acanelada com que hoje é conhecida deve-se ao fato de ter sido exposta, durante anos ao calor das chamas das velas e dos candeeiros. A partir de 8 de setembro de 1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar oficialmente a coroa e o manto azul0marinho, ofertados pela Princesa Isabel.
No dia 16 de maio de 1978, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi alvo de um atentado que a reduziu em 165 pedaços. Mas foi totalmente reconstituída graças ao trabalho competente da artista plástica Maria Helena Chartuni, na época restauradora do Museu de Arte de São Paulo.
Em 1901, os bispos da Província Eclesiástica Meridional do Brasil, acatando a ideia de Dom Joaquim Arcoverde, arcebispo do Rio de Janeiro, formalizaram pedido ao papa para a coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Em fevereiro de 1904, o Papa Pio X, traduzindo o sentimento do povo e atendendo ao pedido de Dom Joaquim Arcoverde, feito em nome do episcopado brasileiro, autorizou, como era usual na Igreja para imagens e quadros insignes, a coroação solene da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Assim, no dia 8 de setembro, Dom José de Camargo Barros, bispo de São Paulo, coroou solenemente a imagem da Padroeira do Brasil, com a coroa doado pela Princesa Isabel, uma belíssima coroa de ouro, cravejada de brilhantes (24 maiores e 16 menores). Também foi doado pela princesa o riquíssimo manto azul-marinho, simbolizando o céu estrelado brasileiro, enfeitado com 21 brilhantes, representando as 20 províncias do império e a capital.
A cerimônia contou com a presença do Núncio Apostólico, Dom Júlio Tonti, numerosos sacerdotes, religiosos e milhares de romeiros. Em seguida, foi inaugurado o monumento à Imaculada Conceição em comemoração aos 50 anos do dogma da Imaculada Conceição (proclamado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854).
No dia 8 de setembro de 2004, o Santuário Nacional de Aparecida viveu uma grande celebração, comemorando aos 150 anos de proclamação do dogma da Imaculada Conceição e os 100 anos da coroação de Nossa Senhora Aparecida. Nessa celebração, a imagem da Padroeira do Brasil recebeu uma nova coroa, confeccionada em ouro e pedras preciosas.
Ela foi desenvolvida pela designer mineira Lena Garrido, em parceria com Débora Camisasca, que venceram o “Concurso Nacional para o Centenário da Coração de Nossa Senhora Aparecida”. O projeto foi financiado pela Ajoresp – Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Noroeste Paulista.
A antiga coroa, doada pela Princesa Isabel, foi restaurada e é conservada no Museu do Santuário, sendo utilizada apenas em ocasiões especiais.
A nova coroa foi escolhida entre cinco por uma comissão formada por 12 jurados; também se levou em consideração um voto do júri popular, que expressou a preferência entre 63.870 fiéis. As cinco coroas que foram propostas à votação eram protótipos, apenas a vencedora foi feita de ouro e pedras preciosas. Mas os cinco protótipos, em prata, passaram a fazer parte do acervo do Museu Nossa Senhora Aparecida, onde podem ser vistos pelos devotos.
A Rosa de Ouro é um presente oferecido pelo papa para honrar e distinguir pessoas que contribuíram com ações que beneficiaram o bem comum, para condecorar cidades que se destacaram na manifestação da fé católica ou ainda para realçar santuários que se tornaram centro de peregrinação e irradiação de profunda espiritualidade.
O Brasil já foi agraciado com três Rosas de Ouro: em 1888, o Papa Leão XIII concedeu à Princesa Isabel, por ter abolido a escravatura no país; as outras duas foram ao Santuário de Aparecida.
Em 1967, o Papa São Paulo VI concedeu a Rosa de Ouro por ocasião do encontro da imagem. Em 15 de agosto daquele ano, o Cardeal Amleto Giovanni Cicognani, como Legado Pontifício, entregava ao Santuário de Aparecida uma Rosa de Ouro, confeccionada pelo artista plástico Mário de Marchis, com um recado do Papa São Paulo VI: “Dizei a todos os brasileiros, Senhor Cardeal, que esta flor é a expressão mais espontânea do afeto que temos por esse grande povo, que nasceu sob o signo da Cruz. No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ela dará testemunho de nossa constante oração à Virgem Santíssima para que interceda junto de seu Filho pelo progresso espiritual e material do Brasil.” O Legado Pontifício, no interior da nova basílica, entregou ao Cardeal Motta a oferta do papa. Era um presente de aniversário pelos 250 anos do encontro da imagem da Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul.
A terceira Rosa de Ouro foi oferecida também ao santuário pelo Papa Bento XVI, em sua viagem ao Brasil em maio de 2007. Numa plaqueta está gravado que o papa, com muito amor, oferece a Rosa de Ouro à Virgem Maria de Aparecida, a padroeira da nação brasileira.
Na história, sempre encontramos provas da predileção dos Santos Padres por Nossa Senhora Aparecida.
Leão XIII, em 1985, concede licença para que sua festa seja celebrada no primeiro domingo de maio.
Pio X assina o decreto da Coroação em 1904 e o da dignidade de Basílica Menor em 1908.
Pio XI declara Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil em 1930.
Pio XII, em 1958, eleva Aparecida a arquidiocese.
Paulo VI, em 1967, presenteia Nossa Senhora com a Rosa de Ouro.
João Paulo II, em 1980, consagra a nova basílica.
Bento XVI, em 207, também presenteia com a Rosa de Ouro.
Os romeiros que vão a Aparecida, além de rezar no Santuário Nacional, costumam visitar outros pontos de peregrinação. Dois dos mais conhecidos são o Porto Itaguaçu e o Morro do Cruzeiro.
O Porto Itaguaçu se localiza próximo a uma curva do Rio Paraíba e pode ser considerado o ponto inicial da devoção. Foi ali que os três pescadores encontraram a imagem. Nas proximidades, existiu uma capela que abrigou a imagem de Maria por um tempo. Hoje, no local, ergue-se uma capela moderna.
No Morro do Cruzeiro, foi inaugurada uma Via Sacra com 14 capelinhas na década de 1940, que leva ao topo do morro. Em 1999, o local passou por uma reforma completa.
A maior parte deste texto foi retirado de um artigo do site da Diocese de Piracicaba.
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