Neste mês de março, a Igreja celebra a festa litúrgica de Santo Óscar Romero. Monsenhor Romero, enquanto arcebispo de San Salvador, trabalhou sempre tendo em vista a união e o entendimento entre todos os salvadorenhos, criticando desde a inércia do governo, passando pela interferência estrangeira em seu país, até as injustiças cometidas por grupos ditos “revolucionários”.
Fiel à Igreja, o Arcebispo pagou um preço alto por ser discípulo de Cristo. Foi um dos 1.015 salvadores assassinados no ano de 1980. Tornou-se o primeiro mártir após o Concílio Vaticano II. Tornou-se, em 2018, o primeiro nativo centro-americano a ser elevado aos altares.
Quando de sua morte, a América Latina atravessava um período de muitas dificuldades, com vários países, incluindo o Brasil, passando por um período ditatorial. Santo Óscar não teve medo de, mesmo em um cenário desfavorável, escolher a defesa dos pobres. “[…] somente uma Igreja capaz de fazer uma escolha radical a favor dos pobres, que tenha coragem de denunciar sem censurar nem vacilar não só a injustiça estrutural, mas também os interesses egoístas das partes envolvidas, pode esperar salvar os rebanhos de ovelhas e também os lobos que os rodeiam.” (VITALI, Alberto. Oscar Romero: Mártir da Esperança. 1ª edição. São Paulo: Paulinas, 2015).
Ainda hoje vivenciamos muitos problemas em nosso continente. No Brasil, temos enraizados problemas como a discriminação, a pobreza e a violência; na Nicarágua, nossos irmãos cristãos-católicos sofrem perseguição do governo; o Equador, recentemente, passou por uma onda de violência que vitimou centenas de inocentes; e atualmente, o Haiti atravessa um caos que se pode considerar uma guerra civil. Voltemos nossos olhos e nossas orações também ao nosso povo. Rezemos pela salvação das ovelhas, mas também dos lobos. A luta de Dom Romero ainda está viva.
Santo Óscar nos conclama a uma verdadeira conversão e a uma reflexão acerca de nossa conduta: “Uma religião de missa dominical, mas de semana injusta, não agrada ao Senhor. Uma religião de muitas rezas e tantas hipocrisias no coração, não é cristã. Uma Igreja que se instala só para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, mas se esquece do clamor das injustiças, não é verdadeiramente a Igreja do nosso divino Redentor.” (04/12/1977).
Que neste ano de 2024, 44 anos após do martírio de Santo Óscar Romero, tenhamos em vista que, quando se trabalha pelo Reino de Deus, a união deve prevalecer, apesar das diferenças.
Santo Óscar Romero, mártir da América, rogai por nós!